Setor imobiliário investe na região e estimula acordos de locação antes da conclusão das obras
Quem anda pelas ruas principais do Centro se depara com um fenômeno cada vez mais perceptível: edifícios antigos e tradicionais dividem a atenção com os prédios de arquitetura moderna, que parecem surgir da noite para o dia, alterando a paisagem.
O contraste acontece devido ao investimento em novos empreendimentos capitaneados por construtoras de olho em empresas e profissionais liberais atraídos pelo progresso da Zona Portuária e também pelo mercado da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), entre 2007 e 2009, não há em seus registros qualquer lançamento de imóveis comercial na região. No ano passado, foi lançado um prédio com 86 unidades. E até o fim deste ano, dois novos empreendimentos serão lançados pela incorporadora Even: um em setembro, na Rua dos Inválidos; e outro, até dezembro, na Rua do Riachuelo.
O presidente da Ademi, José Conde Caldas, ressalta ainda que empresários buscam, majoritariamente, um pavimento inteiro para implantar seus escritórios. Além disso, ele diz que a demanda fez o preço do aluguel praticamente dobrar nos últimos três anos. Hoje, o metro quadrado na região custa entre R$ 170 e R$ 180.
- Também surgiu, no último ano, a antecipação de contratos. As empresas já fecham acordo de locação um ano antes da entrega do escritório - conta Caldas.
Sustentabilidade está na pauta das construtoras
Sentindo a necessidade de se adaptarem às novas exigências sustentáveis e também investir em tecnologias para reaproveitar edifícios antigos - já que faltam terrenos novos, sobretudo na Avenida Rio Branco, uma das mais disputadas -, as construtoras trazem para o Rio tecnologias que permitem maior economia de energia elétrica e reaproveitamento de recursos naturais.
A exemplo do Porto Brasilis, entregue recentemente pela Fibra Experts. Erguido na esquina da Rua São Bento com Avenida Rio Branco, o prédio é o primeiro empreendimento comercial do Porto do Rio a ficar pronto. Com uma película termoacústica chamada lowe, o vidro que cobre toda a sua fachada permite que a luz - mas não o calor - passe para o interior, permitindo, assim, a redução do uso do ar-condicionado.
O Porto do Rio é ainda o segundo "triplo A" - prédio com pavimentos de mais de mil metros quadrados e muitas vagas de garagem - da cidade a receber o selo Leed na categoria Gold, do Green Building Council Brasil. Isso atesta o seu comprometimento com sustentabilidade antes, durante e depois da execução da obra. O edifício também tem sistema de tratamento e reaproveitamento da água de chuva. No quesito energia, é feito o controle automático da iluminação tanto nas áreas privativas quanto nas comuns.
A menos de cinco quilômetros dali, na Rua Francisco Eugênio, a construtora Concal lançou o Alfa Corporate, previsto para ser concluído em julho de 2014. Com projeto assinado pelo arquiteto Sérgio Caldas, o Alfa já tem 430 de suas 512 unidades vendidas. Há opções de unificação de 157 a 1.700 metros quadrados. Caldas, que também é presidente da empresa, adianta que no prédio haverá coleta seletiva de lixo nas áreas comuns e reúso de água de chuva.
Fábio Terepins, diretor de Incorporação da Even, diz que os dois prédios previstos serão feitos com madeira e outros materiais certificados, além de telhados verdes.
O Globo, 27/jul