No caminho das pistas
Imóveis que ficam perto dos corredores de ônibus BRT já valorizaram até mais de 150%
No caminho dos corredores de ônibus BRT, é o mercado imobiliário que dispara na frente. Casas e apartamentos que ficam no entorno das pistas rápidas já tiveram valorização de mais de 150% por causa do novo sistema. Terreno próximo à Estação Veridiana, do Transoeste (Barra-Santa Cruz), por exemplo, custava R$ 60 mil há oito meses. Hoje, a proprietária não negocia por menos de R$ 150 mil.
A dica de especialistas para moradores de bairros cortados pelo BRT é: só venda o imóvel se for para comprar outro de imediato. Se guardar o dinheiro, haverá prejuízo, pois a alta vai continuar.
O corretor de imóveis Allan Richard conta que o interesse dos clientes pelo traçado do Transcarioca (Barra-Aeroporto Tom Jobim) tem aumentado nos últimos meses. "Eles perguntam se o empreendimento vai ficar perto de estação de embarque. Estrada dos BandeirantesÉ uma realidade que temos que considerar, porque é um atrativo", diz.
E é justamente de olho nesse filão que as construtoras estão apostando. Na semana passada, foi lançado empreendimento na Estrada dos Bandeirantes em que cada apartamento de 50 metros quadrados custa R$ 297 mil, na planta. Há um ano, o valor ali girava em torno de R$ 150 mil.
O fenômeno que ocorre no Rio já era previsível, analisando a experiência do corredor viário em outros países. Em Cleveland (EÜA), o BRT Healthline transformou o bairro Midtown. Terrenos abandonados e com ferros-velhos ganharam construções novas e até hospital. Imóveis dobraram de preço. Em Bogotá e Medellín, na Colômbia, o mercado de compra e venda de casas registrou aumento entre 30% e 50% devido aos BRTs Transmilenio e Metroplús.
Expectativa de novos serviços
O boom imobiliário nos bairros por onde vão passar os BRTs deve dar um novo visual urbanístico e aquecer o comércio em regiões antes pouco valorizadas, como Sepetiba, Santa Cruz e Pedra de Guaratiba. A expectativa é que aumente o setor de serviços e de alimentos nas áreas.
Vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Paulo Fabbrianni vai mais longe. Ele acredita que, com o trânsito fluindo, haverá maior interesse de cariocas em visitar o interior do estado. "O maior tempo gasto na viagem é para sair da capital. Se você consegue resolver isso, é um grande incentivo", afirma.